João Batista Gomes de Sá nasceu em Curitiba no dia 18 de fevereiro de 1831, filho de Fausta Maria da Conceição, sem que seja possível que saibamos o nome do pai. Tanto João quanto a mãe foram identificados nos registros de batismo como escravos do Reverendo José Joaquim Ribeiro da Silva. Quando Fausta faleceu, em 1870, ela já era liberta, mas não sabemos de que forma a alforria foi definida. Também não é possível saber em que circunstâncias João Batista deixou de ser escravo.
João da Fausta – como era conhecido – casou-se uma única vez, com Maria Ursulina Mendes, do qual ficou viúvo no ano de 1878 e com quem teve duas filhas, Esmeralda Gomes dos Santos e Alfrina Gomes dos Santos.
Nas décadas de 1870 e 1880 exercia a profissão de oficial de justiça, através da qual pode acompanhar e se envolver em alguns processos nos quais escravizados da cidade demandavam contra seus senhores, buscando a alforria. Exerceu também o cargo de contínuo do Congresso do Estado, tendo sido dele exonerado em 1893.
Em sua casa, à Rua Mato Grosso (atual Rua Comendador Araújo), ocorreram as primeiras reuniões por meio das quais organizaram-se duas das mais importantes associações que congregavam negros em Curitiba, a Sociedade Operária e Beneficente Protetora dos Operários e a Sociedade Treze de Maio. Em ambas, João da Fausta assumiu postos importantes, sendo sócio fundador e primeiro Diretor Geral da “Treze” quando de sua fundação, no ano de 1888. Também teve participação importante nas irmandades de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, em Curitiba, tendo também promovido arrecadação de fundos para constituir a Irmandade de Senhor Bom Jesus do Perdão.
Vítima de uma enfermidade, faleceu na cidade de Curitiba em 26 de setembro de 1901, quando tinha cerca de 70 anos de idade. Seu enterro no Cemitério Municipal foi noticiado em um jornal como “muito concorrido”, contando com a presença das diversas sociedades das quais fizera parte, em especial a Sociedade Beneficente dos Trabalhadores da Herva Mate – que na cerimônia portava seu estandarte – e a Irmandade de São Benedito, que levara uma cruz ao préstito. Sua importância também foi reconhecida pelos membros da Irmandade de Senhor Bom Jesus do Perdão, que promoveu a missa do 7º dia de sua morte, na igreja que a abrigava e por cuja construção ele arrecadara fundos.
verbete elaborado por Carolina Marchesin Moises – Universidade Federal do Paraná – mestranda – dezembro de 2019
Referências
Bibliografia
FABRIS, Pamela Beltramin; HOSHINO, Thiago. Sociedade Operária Beneficente 13 de Maio: Mobilização negra e contestação política no pós-abolição. In: MENDONÇA, Joseli M. N.; SOUZA, Jhonatan U. Paraná insurgente: História e lutas sociais – séculos XVIII ao XXI. São Leopoldo: Casa Leiria, 2018. pp. 51-64.
FIGUEIRA, Miriane; HOSHINO, Thiago. Negros, libertos e associados: identidade cultural e território étnico na trajetória da Sociedade 13 de Maio (1888-2011). Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 2012.
Fontes
Registros civis e paroquiais disponíveis no site FamilySearch <https://www.familysearch.org/pt/>.
Periódicos disponíveis no site da Hemeroteca Digital Brasileira <http://bndigital.bn.br/hemeroteca-digital/>.